segunda-feira, dezembro 27, 2010

RETROSPECTIVA 2010 - F1

A FÓRMULA 1 EM 2010 TEVE MUITAS SURPRESAS BOAS, DECEPÇÕES, DISPUTAS EMOCIONANTES E ARRISCADAS E O DOMÍNIO DAS TRÊS EQUIPES TRADICIONAIS DE PONTA: RED BULL, FERRARI E McLAREN.


2010 entrou para a história do automobilismo brasileiro e mundial. Com suas peculiaridades, curiosidades, surpresas e até mesmo com a notícia já esperada, o ano deixou marcas tanto no apaixonado pelo esporte-motor quanto na mídia especializada. Exemplos não faltam, como o sétimo título mundial consecutivo de Sébastien Loeb no WRC, que continua sem adversários no rali de velocidade. Mas isso é uma história para daqui a pouco.

A F1 viveu uma temporada com um equilíbrio jamais visto, chegando à última corrida do ano com quatro postulantes ao título — Fernando Alonso, Mark Webber, Sebastian Vettel e Lewis Hamilton. Apesar disso, o Mundial provou a tendência dos últimos campeonatos: alternância entre os favoritos, com o troféu ganhando um dono somente nas últimas provas.

Ainda assim, o tamanho do equilíbrio surpreendeu, haja vista o desempenho dominante de Brawn e Red Bull em 2009. Houve também grandes zebras, como a pole de Nico Hülkenberg em Interlagos, que simplesmente estraçalhou o tempo obtido por Vettel. Este, no final, bateu o favorito Alonso na última corrida do Mundial e se tornou o mais jovem campeão da história.
A maior categoria do automobilismo mundial ficou longe de ver o assombro que foi a Brawn em 2009, que chegou como quem não queria nada e surpreendeu até mesmo o torcedor mais otimista, sobretudo de Jenson Button, que garantiu o título mundial daquela temporada. Na pré-temporada, realizada na Espanha, predominou o equilíbrio, tornando qualquer prognóstico para o início do Mundial, no Bahrein, um autêntico chute.

Quando os carros foram à pista de Sakhir, a realidade finalmente ganhou contornos rubrotaurinos. Depois de dominar a segunda metade da temporada de 2009, a equipe de Dietrich Mateschitz começou suprema no Oriente Médio e quase ganhou a primeira corrida do ano. Quase. Uma falha no sistema hidráulico do RB6 de Sebastian Vettel permitiu que Fernando Alonso vencesse em sua estreia na Ferrari, e de quebra, levou consigo ao pódio Felipe Massa, que voltava a correr depois do gravíssimo acidente que quase tirou sua vida em Hungaroring.

O GP do Bahrein apresentou ao mundo dois dos principais personagens do Mundial de 2010 — Vettel e Alonso —, e no mesmo tempo, deixou evidente desde o começo do ano o desempenho pra lá de decepcionante da Mercedes. Michael Schumacher voltou à F1 carregado de expectativas, infladas até por ele próprio, que declarou em sua apresentação à nova equipe que lutaria pelo título mundial.
O heptacampeão não passou da nona posição no campeonato, tendo finalizado sua primeira temporada completa na categoria sem subir ao pódio. Nico Rosberg bateu o veterano em várias oportunidades, terminando em sétimo na tabela dos pilotos, mas ainda assim, ficou limitado pelo desempenho do W01, talvez a grande decepção de 2010.

A Mercedes rivaliza com Massa no posto de surpresa negativa de 2010. O brasileiro alegou dificuldades com os pneus para justificar seu desempenho pífio durante o ano em que foi batido com facilidade por Fernando. Na única corrida em que teve chances reais de derrotar o bicampeão mundial e vencer a prova, a Ferrari deu um xeque-mate em Felipe em Hockenheim, deixando claro que o cara da esquadra de Maranello era mesmo Alonso.

Durante o Mundial, a McLaren comprovou que o péssimo ano de 2009 foi uma exceção na história vitoriosa da equipe — o que fez de 2010 uma 'antissurpresa'. Estreando a parceria com os dois últimos campeões mundiais, Lewis Hamilton e Jenson Button, a reação equipe de Woking não foi uma surpresa, mas não deixou de ser agradável aos fãs da F1, que viram Button comandar a tabela de classificação após vitórias até surpreendentes e cerebrais na Austrália e na China.
O conservadorismo às vezes exagerado do campeão de 2009 praticamente tirou suas chances de renovar o título neste ano. Hamilton, por sua vez, de conservador não teve nada, e talvez, por ter agido de maneira oposta a Jenson, desperdiçou a oportunidade de faturar o bi. Os pontos perdidos na Itália e em Cingapura foram cruciais para que o britânico terminasse 2010 na quarta posição.

Outra boa surpresa do ano na F1 foi Mark Webber. O australiano havia vencido suas primeiras corridas na categoria em 2009 — Alemanha e Brasil —, mas começou o ano perdendo de Vettel. Mas o veterano de 34 anos não se curvou à juventude, tampouco à alegada preferência da Red Bull pelo alemão. Encarou o rival de igual para igual, chegando ao extremo de se chocarem no GP da Turquia.

A tensão eclodiu na Red Bull, que ao invés de priorizar um ou outro piloto, preferiu adotar uma política igualitária, que ao mesmo tempo foi elogiada por muitos, e questionada por alguns. Esportivamente, foi a atitude mais surpreendente de 2010. Atitude que se revelou acertada no fim do ano, quando Vettel fez uma corrida impecável e contou com a incapacidade de Webber e Alonso de lidar com o tráfego da Marina de Yas, para faturar o título.

A zebra do ano definitivamente foi a pole de Hülkenberg em Interlagos, do mesmo jeito que aconteceu em Spa-Francorchamps em 2009, quando Giancarlo Fisichella surpreendeu a todos ao conquistar a posição de honra no grid do GP da Bélgica debaixo de muita água. Vale também uma menção honrosa para o trabalho apresentado por Kamui Kobayashi em 2010. Apesar de penar com a inconstância do claudicante C29, sobretudo na metade inicial da temporada, o nipônico foi responsável por 32 dos 44 pontos da Sauber, graças principalmente às suas ultrapassagens — muitas delas, obtidas com muito arrojo e técnica.

Fonte(GP)