terça-feira, abril 27, 2010

FÓRMULA 1 - "CORRE SENNA!"

Bruno Senna ainda não enveredou nem para o caminho dos primeiros nem para o dos segundos, mas verá sua carreira ameaçada se continuar pilotando para um time como a Hispania.
Não se trata nem de criticar Bruno, que, afinal, é um estreante que pilota um carro lamentável, de longe o pior do grid (a Virgin ainda quebra muito, mas é mais rápida). É bem verdade que Senna anda tomando pau de Karun Chandhok, que não é nenhum gênio. Mas Bruno anda bem próximo e foi melhor na última corrida, na China. Aliás, julgar qualquer um dos dois com a cadeira elétrica que têm nas mãos é crueldade.
O que deve preocupar os que torcem para Bruno Senna e desejam que um dia ele brigue por vitórias e títulos é o ostracismo ao qual ele está condenado na Hispania. Nenhum chefe de equipe olha com bons olhos um piloto que fecha o grid. Mesmo que ele dirija um carro horrível. Mesmo que o companheiro tenha ficado 0s001 à frente. E um inevitável ar de decepção chega quando um Senna assume um volante de Fórmula 1 e não faz ótimas atuações, ou pelo menos atuações que apareçam na televisão.
Ok, não vamos pegar no pé do rapaz, que, afinal, ficou um ano fazendo corridas isoladas em protótipos e precisa pegar a mão da velocidade dos monopostos novamente (como o próprio já admitiu), o que é comum quando se fica afastado desses brutais carros durante algum tempo (Schumacher que o diga).
Mas é preciso perguntar: será que Bruno Senna não tinha uma opção melhor do que a Hispania, ex-Campos? Por que, vamos concordar, a equipe se revelou uma verdadeira fria. Quase fechou, estreou sem treinar, promete ganhar segundos na pista que ainda não ganhou e não tem um braço financeiro forte no suporte.

Se não quiser arranhar sua imagem, Senna precisa sair de lá o mais rápido possível. Até em 2010, se der.

O risco é muito, muito grande. Mesmo que Bruno faça corridas sensacionais, atue como um monstro, conseguirá apenas passar uma Virgin, isso se conseguir, ou brigar com o companheiro de equipe.
Senna corre ainda o risco de cometer erros frequentes tentando andar mais que o carro para mostrar serviço ou simplesmente não conseguindo colocar na trajetória um Fórmula 1 que é 7 segundos mais lento que os carros de ponta. O projeto feito pela Dallara chega a virar tempos próximos aos dos carros de GP2, que, não é preciso nem dizer, não chegam nem perto dos de F1 em termos de tecnologia, potência e aerodinâmica.
Que carro triste esse da Hispania. É o pior que eu já vi desde os Forti Corse de 1995 e os Lola de 1997, que não chegaram nem a correr direito. Alguém lembra de alguma outra lástima sobre rodas recente que chegue perto?
Na época das negociações para sua entrada na Fórmula 1, Bruno Senna se orgulhava em dizer que não levaria dinheiro à equipe. Chegou a ter um canal aberto para conversar na Toro Rosso. Com o nome e a verba da Embratel, poderia ter tentado também outras equipes. Que conversasse com os patrocinadores, pedisse uma graninha aqui, chorasse lá, mas não sentasse em uma cadeira elétrica dessas.
Ainda é cedo para avaliar se Bruno Senna é ou não bom o suficiente para a Fórmula 1. Nas categorias inferiores, não foi gênio, mas provou que anda muito bem para quem não teve a base do kart (vocês sabem, ele ficou dez anos parado depois da morte do tio).
Só que cometeu um erro crasso ao confiar na palavra de Adrián Campos e embarcar no barco que quase virou, e no fim virou a Hispania, o que é quase como ter virado de fato.
Correndo ele está, mas acho que poderia ter tentado outras portas. E acredito que conseguiria. É claro que pintou o trauma de ficar sem carro (ele tinha tudo praticamente acertado com a Honda quando os japoneses decidiram pular fora, em 2008), e por isso deve ter abraçado a Campos rapidamente. Já deu para perceber que não foi a escolha certa.

Corra, Bruno, corra. Dessa equipe. E salve sua carreira logo. A Fórmula 1 não tem sentimentos.

Fonte: Yahoo Esportes(Gerson Campos)

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